sábado, 22 de dezembro de 2012

TRAVESSIA RUMO TRINIDAD E tOBAGO


   Partimos de Jacaré dia 16 de agosto 06h30min, céu aberto, vento sudeste a 10 nos, correnteza, golfinhos (adoro a presença deles, parece até que fazem festa diante do barco). Enquanto na radio VHF permanecia o aviso de MOB, muito triste!!
   Primeira semana de navegação foi maravilha!! Aliseos até 35 nos que faziam o Libero galopar, eu ainda não havia visto o barco viajar com tanta intensidade, sensação incrível de pura adrenalina voar do ladinho do vento!! Tempo bom (excessivo até eu diria algo como 35 graus), céu aberto, navegação confortável (aleta), média de 180 milhas a cada 24 horas, havia comida pronta que eu fiz antes de partir e também congelada. Pessoas: cozinhar pouco enquanto se navega não tem preço!!! E ao final da primeira semana deixamos 1.000 milhas na popa.
  Já na segunda semana foi diferente, pois encontramos a tão falada doldrums (literalmente desanimo), zona de calmaria que em termos oceânicos situam-se na região junto ao equador onde os aliseos de ambos os hemisférios se encontram, podendo encontrar também a Zona de Convergência Intertropical, rica em umidade e altas temperaturas porem pobre de ventos.
   Nesta fase foi um pouco complicado pois não havendo vento a sensação térmica era de 40 graus, ficamos uns dois dias sem contato visual com nenhum barco (parecíamos estar sozinhos no mundo), motor ligado, não conseguimos pescar nenhum peixe (ei você que esta lendo é pescador? Nos ensina a técnica por favor). O Cristiano queria nadar trainado pelo barco, Deus me livre não deixei não! Conclusao: ainda bem que estamos abastecidos de provisões, guloseimas, livros e dvs pois esta segunda etapa custou a passar.
   A contabilidade da travessia foi ótima pois não tivemos avarias, chegamos dentro do tempo estimado, tivemos a presença de golfinhos umas quatro vezes, não houve sustos ou surpresas e nem peixes pescados. Li (surpreendentemente) dois livros (O zahir, sempre espero mais do Paulo Coelho, e Feliz Ano velho), aumentei meu vocabulário de italiano em mais umas cem parolas e aprendi um pouco mais sobre velejar e muito sobre convivência.
    No décimo sétimo dia chegamos a Tobago ancoramos em Scarborough e descansamos um pouco, bem pouco, pois logo cedo o capitão resolveu navegar mais 40 milhas (12 horas) até Trinidad onde permanecemos por uma semana até tirarem o barco numa vaga seca para viajarmos para Itália.
   Segue abaixo algumas fotos das 1.850 milhas navegadas e da retirada do barco na seca.







leme ao vento 

tirei esta foto pensando nos franceses que viajam sem geladeira

Adicionar legenda



quando cala o vento tem que abrir esta vela do tamanho do mundo



esta foto e a próxima acontecem no mesmo momento, aqui a lua

aqui o sol

lindos


chegamos 

a

zona petrolifera do Caribe

coração a 2.000 RPM






esse Caribe aqui so vi do avião até agora!




sábado, 15 de dezembro de 2012

PARAIBA\ CABEDELO


   Navegamos de Salvador a Cabedelo numa velocidade ótima para nossa média, oque um casco limpo não faz!!! Velejamos por dois dias e uma noite sem paradas, ao contrario do que muitos acham e me perguntam: Onde vocês estacionam o barco a noite? Simplesmente não estacionamos, fazíamos turnos para revezar o sono logo não sendo necessário parar.
    Alias a partir daqui adotamos a estratégia de navegar muitas milhas longe da costa, pois no mar o grande problema são colisões, logo estando afastado da costa diminuímos 90% do risco já que a rota adotada é de navios. E onde os mesmos (e nós também ) possuímos um dispositivo chamado AIS que nos permite acesso ao nome da embarcação, velocidade, rota, que distancia mantém de nós e detalhe: Munido de alarme assim quando uma embarcação entra no nosso raio de navegação somos avisados. Oque nos possibilitou até assistir filmes (obrigada Xa e Vanessa pelos dvds).
     Avistamos a Paraíba no final da tarde, mas até fazer a aproximação da terra infelizmente se fez noite. Primeiro fator ruim porque gera certo desconforto chegar a um lugar desconhecido a noite, com vento a 30 nos, correnteza, ouvindo na radio VHF aviso de MOB (man overboard) e perceber que as primeiras bóias sinalizadoras não eram acesas. Mas tudo bem seguimos em frente com um holofote de luz e as próximas bóias eram sinalizadas e acesas conforme detalhado no guia de Marçal Cecon pra nossa alegria.
   Decidimos ancorar frente à Cabedelo para dormir, e no dia seguinte pela manhã mudamos a ancoragem para praia (fluvial) do Jacaré.
   Na Paraíba esta situado o ponto mais oriental das Américas, também chamado Ponta do Seixas (Joao Pessoa), e devido sua localização privilegiada atrai inúmeros turistas que vão ali apreciar "a cidade onde o sol nasce primeiro". Jacaré tem o por do sol mais famoso do Brasil saudado pelo bolero de Ravel sendo executado todos os dias pelo Jurandir do sax e seu remador numa canoa! Possui ao menos três marinas naquela região oferecendo algum suporte ao navegador. Tem Carrefour rs!!
    Lugarzinho legal pra relaxar mas só um pouco, pois o vento ali é bárbaro e constante não tem como sair e ficar tranqüilo deixando a casa a mercê do vento. Colocávamos duas ancoras por segurança, assim podíamos sair tranqüilos para dar umas voltas. E logo na primeira incursão a terra descobrimos que nosso bote recém colado em Salvador entrava água, ou melhor ainda entrava água!!! (falta muito pro Caribe ???). E de tanto eu falar dele (bote) uma tarde ele resolveu pular do barco (devido aos fortes ventos) e ir embora rio afora. O capitão numa decisão mais que rápida pulou na água para resgatar o fujão enquanto eu acenava ao vizinho investindo num possível resgate, do capitão e do bote. Porque além de correnteza e vento a praia se chama jacaré não é a toa!! Meu herói além de voltar com o bote voltou remando com os próprios braços já que pulou sem os remos! Quanta aventura não!?!
     Permanecemos uma semana de férias ali, pois esta foi a única parada que não rolou nenhum reparo ou concerto no barco. E após confirmar previsão meteorológica favorável, conferir piloto automático, leme ao vento (tripulação que não pode faltar), provisões, avisar as famílias, preparação mental e muito reza enfim chegada a hora da minha primeira travessia oceânica.... Ciao Paraíba o Caribe me espera!

Praia do Jacaré

Bolero de Ravel

um Qde pitoresco


e a galera vem de outras praias ouvi-lo



sera que o Rosario gostou ??

Maria Bonita ou Linda? 




terra do artesanato

do algodão

e do jegue

parece mais rio do que uma praia não!?!


                                                                                                                            
                                                                                                                                

domingo, 9 de dezembro de 2012

ITAPARICA\SALVADOR


   Saimos do Morro de São Paulo pela manha e chegamos em Itaparica a noite, eu pensava que seria mais rápido mas nosso motor sofria um pouco (talvez ele também quisesse  ficar mais uns dias na Gamboa do Morro como eu). A lentidão foi na Bahia de todos os Santos, é uma área muito trafegada sendo necessário ir devagar mas tão devagar que dormi e só acordei chegando em Itaparica antes de ancorar. 
   Enseada cheia de barcos gringos, não observei nenhum com bandeira brasileira portanto ali não fizemos amizades, pois os gringos não o fazem é muito raro.
   Permanecemos três dias ancorados e com um problema um pouco maior para desembarcar, pois o espelho de popa do bote resolveu ser independente e se separou do resto dele. Era oque faltava não??
   No terceiro dia enquanto eu fazia almoço e o Cris algum reparo escutamos um assovio, quando subimos para olhar notamos que nosso barco tinha arado, ou seja a ancora estava solta e o barco navegava sozinho. Fui direto ligar o motor e o Cris resgatar a ancora, passamos bem pertinho de um barco que dizia “Adio” em sua inscrição... Por pouco não batemos! E quando o Cris subiu a ancora tinha uma garrafa pet enganchada nela por isso soltou. Que sufoco, demorei um dia inteiro pra me acalmar.
   Ficamos dois dias sem desembarcar e sem novas amizades, até entrarmos na Marina Cenab de Itaparica ai sim compartilhamos nossa alegria. As pessoas que trabalham na marina são gentis e interessadas em  ajudar e compartilhar informações úteis com os navegadores.
   Todo dia saiamos pra fazer um giro. Fizemos uma super reserva de provisões no supermercado Bompreço, recomendo! Fizemos limpeza do casco,  lavei roupa, o barco e a mim (enfim um banho com água abundante), abastecemos de água potável (grátis) que para os velejadores é uma bênção. Falta apenas encher os botijões de gás, que só encontraremos em Salvador. Ok uma passadinha no Pelourinho não é mau!
   Após quatro dias na marina saímos de Itaparica a tarde chegando em Salvador a noite, oque não é aconselhável pois há tantas luzes da cidade a noite e quase não se nota as bóias sinalizadoras para entrar sentido Forte de São Lourenzo. Mas enfim chegamos bem, enchemos os botijões de gás e encontramos um salvador da pátria que colou nosso bote (350,00). Dia seguinte após passeio no mercado modelo, Pelourinho, cidade alta, almoço e sorvete partimos rumo...ainda não sabíamos pois se a previsão fosse favorável seguiríamos a Cabedelo ou se necessário fosse  pararíamos em Alagoas ou Recife. Mas no final das contas apesar da chatice de sair daquela área de Salvador encontramos bons ventos que permaneceram. 


Itaparica



na maré baixa o banco de areia (a prua dos veleiros) vira uma praia

Cenab Itaparica, bote sem espelho de popa 



Salvador